Volta e meia e tenho visto em alguns lugares, pessoas pedindo dicas de como melhorar as suas sessões de jogo para ter partidas memoráveis.
Conversando com meus jogadores a respeito e revisitando aventuras passadas que consideremos épicas, chegamos a 3 pontos em comum. E agora eu vou compartilhar com vocês essa receita de sucesso!
Prepare-se com antecedência
Essa dica pode parecer óbvia, mas certamente não é. Preparar-se com antecedência não é ler aquela aventura pronta, 1 dia antes de mestrar para o seu grupo. Tão pouco significa ler apenas uma vez cada um dos seus livros básicos do sistema.
Sempre que possível, estou lendo (relendo) os livros dos sistemas que eu costumo utilizar. Isso faz com que eu tenha as regras mais usadas, sempre “frescas” na minha memória e assim, não preciso ficar consultando o livro a cada momento ou quando surge uma dúvida na mesa. Isso torna o jogo mais agilizado e dá mais ritmo a sua narrativa.
Outro truque que eu utilizo, principalmente com aventuras prontas, é fazer um sumário com os principais pontos da aventura como nomes dos NPCs, locais importantes, principais cenas e principalmente estatísticas das criaturas. Deixo esses itens anotados em um local de fácil consulta, uma folha separada ou uma aba aberta no computador. O grupo vai combater um esqueleto? Sem problemas, já tenho a ficha dele em mãos.
Esse tipo de abordagem faz com que você não perca tempo procurando informações pelo livro da aventura ou do cenário. Além disso, seus jogadores ficam mais focados na aventura, pois tudo parece estar preparado e a qualquer momento eles podem ser surpreendidos.
Quanto mais você pratica esse hábito de preparação prévia, mais fácil fica improvisar quando necessário. Vejo muitos mestres, principalmente iniciantes, comentando que é muito difícil improvisar. Acho que falta apenas um pouco mais de preparação, apenas isso. Claro que nem sempre você vai ter uma ideia genial para lidar com certas situações, mas se você tiver tudo anotado e fácil de consultar, seu improviso vai passar despercebido, pode confiar.
Outro ponto que me ajuda a estar sempre preparado é o que eu chamo de ter bagagem cultural. Estou sempre lendo, assistindo e consumindo produtos que não estão diretamente ligados ao RPG, mas que podem ser boas fontes de ideias. Um exemplo clássico são notícias envolvendo missões espaciais e avistamento de objetos não identificados. Adoro essas notícias e sempre que possível estou usando alguma coisa em minhas aventuras, como por exemplo uma luz misteriosa no céu que só algumas poucas pessoas viram ou a suposta passagem de um cometa, ou seria um disco voador?
Estar antenado e tomar nota de vez enquando, me ajuda a manter viva a inspiração para aventuras ou cenas específicas dentro das minhas sessões.
Tenha listas de nomes prontas
Algo que acontece em 10 de cada 10 sessões é o jogador que pergunta o nome de alguma coisa na sua aventura, geralmente um NPC. E se tem algo que quebra o clima da coisa toda é ver o mestre parando a aventura para criar um nome ou até mesmo inventar um. Veja, não há nada de errado nisso, mas você pode se precaver de coisas assim tendo uma lista de nomes pronta para uso.
Eu fui montando uma lista ao longo do tempo. Depois fui separando por tipo de jogo, tenho uma para RPG medieval, uma para RPG cyberpunk, tenho até uma para mestrar Star Wars!
Listas de nomes, locais, cidades, templos, comidas, bebidas, etc, ajudam a dar credibilidade a sua história e também deixa os jogadores com a pulga atrás da orelha. Um exemplo é a típica sessão onde um dos jogadores pergunta o nome do taverneiro(a). Isso sempre acontece, ou pelo menos acontecia na minha mesa com certa frequência. Quando comecei a usar lista de nomes, meus jogadores pararam de perguntar porque já não sabiam mais se aquele NPC era realmente importante na sessão de jogo e partir do princípio que se eu não falei nada, não era importante.
Hoje em dia é bem fácil de encontrar e/ou montar essas listas. Existem vários geradores randômicos na internet. Talvez, um dos mais famosos seja o Fantasy Names Generator. Com ele você pode gerar tudo o que precisa para sua aventura ou campanha. Depois, com o tempo, basta ir organizando suas anotações para criar um mundo muito mais rico e detalhado.
Tenha as estatísticas dos inimigos a mão
Outra coisa que acaba sendo frustrante é quando o mestre precisa parar o jogo, procurar e depois consultar alguma estatística de um inimigo, seja ele importante ou não. Fazer a leitura prévia desses dados e ter uma anotação básica ajuda a economizar tempo e torna o seu jogo mais ágil.
Se você já sabe que os jogadores vão enfrentar esqueletos no primeiro encontro, tire um tempo para ler e anotar os principais pontos para esse combate. Coisas como imunidades ou vulnerabilidades são sempre importantes. Quanto mais fácil forem consultas a essas informações, mais fluida será a partida. Novamente, pode parecer óbvio, mas perdi a conta de quantas vezes eu vi um simples combate tomar conta da sessão inteira, só por conta das interrupções que eram feitas por conta das dúvidas a respeito de estatísticas e poderes de determinados inimigos.
E aqui cabe um adendo, o mesmo vale para magias ou itens mágicos. Se for algo com o qual o seu personagem já começa, tire um tempo para estudar o que aquele item ou magia faz, quais seus efeitos e regras.
Em minhas mesas presenciais, eu costumo entregar pequenos cartões aos jogadores com o resumo de artefatos, poderes, magias e afins. Do meu lado, anoto quem possui cada item e lembro os jogadores sempre que eles tem alguma dificuldade ou esquecem de usar seus poderes. Já tive na minha mesa (e vi muitos relatos) jogadores que se sentiram frustrados porque não conseguiram usar direto seus personagens simplesmente porque esqueciam o que ele podia fazer durante o jogo.
Aventura parada, jogadores frustrados
Essa última dica tem mais a ver com a forma como você mestra e conta a sua história. Em minhas mesas já tive todo tipo de jogador e grupos. Jogadores iniciantes que não sabiam exatamente o que fazer em determinado momento, jogadores experientes que já tinham em mente toda uma sequência de ações, grupos só de iniciantes, só de veteranos e grupos mistos (a maioria).
Em algum momento das minhas sessões, ambos os grupos tinham algo em comum, ficavam parados em determinada cena e a aventura não andava. Os motivos eram os mais diversos possíveis, como por exemplo, jogadores discutindo sobre qual caminho seguir ou tentando entender uma determinada pista. Em outra partida, ficaram divagando sobre determinados NPCs que iam aparecendo durante a aventura, sem saber se confiavam ou não neles.
Para todas essas situações, o que geralmente acontece é o mestre esperar até que os jogadores cheguem a uma decisão conjunta sobre o próximo passo. O problema é que essa decisão pode demorar tempo demais. Nessas horas eu costumo prestar atenção em todos os jogadores da mesa. Se eu percebo que alguém está muito quieto ou incomodado pela demora, faço algo acontecer. Um NPC aparece para fornecer novas informações, um grupo de inimigos se aproxima, um aparelho começa a dar defeito, em fim, qualquer coisa que quebre o “momento” daquela cena e coloque os jogadores em movimento novamente.
Isso acaba gerando o senso de urgência e movimento em meus jogos, além de conferir um certo ritmo à narrativa. Até o momento, o feedback dos meus jogadores tem sido positivo e o comentário final deles é: “… ficamos com a impressão de que a gente fez muito mais coisas nessa aventura”.
Para colocar algo assim em prática, minha dica é: se possível, conheça as pessoas com quem você está jogando. Saber o estilo de cada jogador na mesa ajuda (e muito) a perceber em que momentos você precisa intervir para que a história avance ou para resolver maus entendidos e obstáculos.
A segunda dica é, saiba quais são os pontos mais importantes da sua história. Decidir se os jogadores vão viajar a pé ou a cavalo pode ser menos importante do que entender como o ritual de banimento funciona. Sabendo quais pontos são realmente importantes, você pode acelerar alguns deles, caso você julgue que os jogadores estão gastando tempo demais neles.
Espero que essas dicas ajudem você e o seu grupo a terem aventuras memoráveis nas próximas partidas!
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Programador Web, Jogador de RPG e Jogos Eletrônicos, Mestre nas horas vagas.
Costuma jogar com as classes Paladino, Monge e Feiticeiro de D&D, Dragonborn, Aasimar, Elfo e Meio-Elfo são as Raças favoritas.
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