3773 vendas
Seria possível que o Player’s Handbook (2024) tenha registrado menos de 5000 vendas ao longo da primeira semana após seu lançamento? É isso que contesta a Roll for Combat, um canal no Youtube dedicado a falar sobre a parte comercial e financeira dos RPGs de mesa!
Antes de tudo, vale destacar que o canal Roll for Combat, curiosamente, possui entre seus membros alguns funcionários da Paizo, editora rival da Wizards of the Coast. Aliás, no próprio rodapé da página, há uma informação de que o canal e seus afiliados produzem materiais para Pathfinder 2ª edição. Logo, é natural que haja uma “má vontade” com a editora rival.
Dito isso, vamos aos números alegados pela Roll for Combat. E adiantamos que estes números não estão exatamente “errados”.
O que alega a Roll for Combat?
Este vídeo da Roll for Combat é uma clara resposta ao anúncio informal da Wizards of the Coast, realizado na última semana. Nós compartilhamos esta fala através desta publicação.
Neste comunicado, Jess Lanzillo, vice-presidente de Produtos e Franquias da Wizards of the Coast, informou que a empresa produziu três vezes mais Player’s Handbook (2024) em relação à sua primeira versão, publicada em 2014. Aliado a isso, a editora vendeu 3x mais do que a edição 2014 do mesmo livro, tornando-o o livro mais vendido da história da franquia, superando Tasha’s Cauldron of Everything.
Infelizmente, Jess não informou quantos produtos foram comercializados.
Através do site Bookscan (falaremos mais do site a seguir), Stephen Glicker identificou que foram vendidas 133.000 cópias de Tasha’s Cauldron of Everything na primeira semana após seu lançamento. Segundo Stephen, durante a primeira semana do lançamento, o 2024 Player’s Handbook vendeu 3.773 cópias, classificando suas vendas como terríveis.
Stephen, ainda, informou que não acredita que o Player’s Handbook (2024) tenha vendido tão pouco. Ele informou que visitou diversas lojas de Manhattan, Estados Unidos, procurando por cópias dos livros em grandes lojas. Glicker não encontrou cópias do Player’s Handbook (2024) na Barnes & Noble, muito menos no Walmart.
É provável que este número seja verdadeiro. Mas ele conta uma ínfima parte da história.
A Bookscan
A Bookscan registra vendas de grandes revendedores de livros, como a Amazon, Target e Walmart. Os números da plataforma representam cerca de 85% das vendas realizadas nos Estados Unidos através destas grandes lojas. Portanto, estas vendas citadas por Stephen Glicker englobam apenas este mercado (que é gigantesco, aliás).
Este número é crível, pelos motivos errados: atualmente, ocorre um grande problema de distribuição destes livros. Centenas (se não milhares) de brasileiros já compraram suas cópias do 2024 Player’s Handbook, e estes ainda não o receberam. Isso acontece porque uma das distribuidoras (Diamond Comic Distributor) está enfrentando problemas de natureza desconhecida. Se você obteve seu livro na Amazon, você irá recebê-lo — mas isso ainda deve levar algum tempo.
O livro só chegará na Austrália no fim do mês, enquanto os europeus contarão com estes livros em suas lojas na segunda semana de outubro. Portanto, considerando estes problemas de distribuição, é plausível que poucas unidades tenham chegado aos grandes lojistas. A Wizards of the Coast, aliás, reportou problemas de distribuição no mês passado.
Mas há mais fatores que estes números escondem.
Políticas de vendas
Finalmente, existem questões políticas da Wizards of the Coast que mostram a vazão das vendas através de outros canais.
Em primeiro lugar, a Wizards of the Coast começou a usar o D&D Beyond como forma de vender cópias físicas de seus livros. A ferramenta, aliás, criou uma grande oferta: comprando o livro e pagando mais US$ 10, você garantiria seu Player’s Handbook na versão digital, podendo acessá-lo com duas semanas de antecedência através de lojas físicas parceiras da editora (chamadas de FGLS, Friendly Game Local Store).
Além disso, a Wizards of the Coast incentivou o público a comprar seus livros através destas FGLS. Tal como no D&D Beyond, fãs de Dungeons & Dragons poderiam comprar seus livros através destas lojas, recebendo-os com duas semanas de antecedência. Majoritariamente, estas FGLS não fazem parte do Bookscan.
Logo, uma vez que grande parte da comunidade obteve seus livros com duas semanas de antecedência, todas estas vendas não são computadas pelo Bookscan.
Portanto, é mais provável que estas vendas tenham ocorrido através de outros canais. Fato é: se o Player’s Handbook (2024) superou Tasha’s Cauldron of Everything, ele precisa ter vendido cerca de 140.000 unidades.
Finalmente, a postura da Wizards of the Coast nos últimos dois anos ajudam a aumentar a desconfiança nos comunicados da empresa. Mas uma vez que a empresa atingiu 133.000 vendas com Tasha’s (que lembre-se: é um suplemento, material que historicamente registra apenas 20% das vendas dos livros de regras), 140.000 vendas no Player’s Handbook (2024) parece um número aceitável.
O post Youtubers contestam números de vendas de D&D (2024) apareceu primeiro em Joga o D20.
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