Sistema, Cenário, Jogo e Edição: Entenda as Diferenças no RPG de Mesa (Artifício RPG)

Sistema, Cenário, Jogo e Edição: Entenda as Diferenças no RPG de Mesa (Artifício RPG)

Sistema, Cenário, Jogo e Edição: Entenda as Diferenças no RPG de Mesa (Artifício RPG), RPG - Mestre Charles Corrêa
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Artifício RPG. lançou um novo conteúdo!

Você já reparou que quando falamos sobre RPG, aparecem algumas palavrinhas que parecem significar a mesma coisa, mas têm funções diferentes? Pois é, termos como sistema, cenário, jogo e edição estão sempre presentes em qualquer conversa sobre RPG, e entender bem cada um deles é essencial para quem está começando.

Mas calma, sem stress! Eu vou explicar isso tudo para você de um jeito simples, rápido e que se faça entender. Vamos lá!

Sistema: As Regras do Jogo

O sistema é basicamente como vocês vão jogar: são as regras que decidem o que acontece durante a aventura. É ele que diz quais dados você joga, como criar personagens, como resolver conflitos e o que fazer quando seu personagem tenta uma ação arriscada.

Por exemplo, se você jogar Dungeons & Dragons (D&D), provavelmente vai usar o famoso sistema d20. Esse nome vem porque você usa um dado de 20 lados para praticamente tudo: atacar um inimigo, convencer o guarda da cidade ou pular de uma janela para fugir dos monstros.

Sistema, Cenário, Jogo e Edição: Entenda as Diferenças no RPG de Mesa (Artifício RPG), RPG - Mestre Charles Corrêa
Diversos livros de D&D 2014

Existem também sistemas mais simples, como o Fate, que usam dados diferentes (dados especiais chamados Fudge) e regras mais flexíveis, focadas na narrativa e na criatividade dos jogadores. Outros, como o Sistema Cypher, permitem improvisar bastante e criam aventuras cheias de surpresas.

Resumindo: o sistema define a maneira como as histórias são contadas. Escolher o certo é como escolher uma ferramenta; depende do que você quer fazer.

Cenário: O Mundo Onde Você Vive Aventuras

Já o cenário é simplesmente onde a sua história acontece. Pode ser um mundo de fantasia medieval cheio de dragões e magia, uma cidade futurista com robôs e naves espaciais, ou uma mansão assombrada por fantasmas sinistros.

Por exemplo, em Forgotten Realms, um cenário clássico de D&D, você pode explorar cidades movimentadas como Watterdeep, descobrir segredos antigos em florestas sombrias ou enfrentar dragões lendários em montanhas distantes. Já em Ravenloft, você vive histórias de terror gótico, enfrentando vampiros, lobisomens e outros perigos sobrenaturais.

Alguns mestres até criam seus próprios cenários, chamados de “cenários próprios” (homebrew). Eles são personalizados especialmente para o grupo e podem deixar o jogo ainda mais divertido e único.

Jogo: A Combinação Perfeita de Sistema e Cenário

Quando você junta um sistema com um cenário, você tem um jogo completo. Parece óbvio, não é? Mas veja bem: o D&D 5ª edição é um jogo porque ele combina o sistema d20 com cenários oficiais como Forgotten Realms ou Eberron.

Outro exemplo: Pathfinder também usa o sistema d20 (com algumas modificações), mas tem seu próprio cenário, chamado Golarion, com reinos únicos e aventuras próprias. Por isso, mesmo usando um sistema parecido, D&D e Pathfinder são jogos diferentes.

Existem ainda jogos que têm sistemas específicos desenvolvidos especialmente para seus cenários. Por exemplo, Blades in the Dark tem regras criadas para simular aventuras de ladrões em uma cidade sombria e industrial. É difícil usar essas regras em outros cenários porque elas são muito conectadas à ambientação.

Edição: As Diferentes Versões de um Mesmo Jogo

E finalmente chegamos às edições. Uma edição é como uma versão do seu celular: a cada atualização, surgem novidades e melhorias que podem mudar bastante a experiência.

O melhor exemplo disso é o próprio D&D, que já passou por várias edições diferentes. A edição 3.5 (de 2003) trouxe regras detalhadas e muitas opções para personalizar personagens, mas acabou ficando muito complexa com o tempo. Já a edição 4 (de 2008) tentou simplificar as coisas e focou bastante em batalhas táticas, dividindo bastante os fãs da franquia.

Contamos um pouco da história de D&D no artigo Chainmail: A Origem de Dungeons & Dragons, onde falamos que antes que D&D se tornasse o fenômeno global que conhecemos hoje, existia um jogo de guerra em miniaturas chamado Chainmail. Criado em 1971, ele pavimentou o caminho para a criação do primeiro RPG da história. Mas vamos lá.

A edição atual, a quinta (lançada em 2014), com uma revisão mais recente chamada de D&D 2024, conseguiu achar um equilíbrio: trouxe regras simples o suficiente para novos jogadores começarem facilmente, mas manteve profundidade suficiente para jogadores veteranos se divertirem bastante também. Isso fez a 5ª edição ser extremamente popular, revitalizando todo o hobby de RPG, como a gente explicou no nosso artigo “O Que é RPG de Mesa? História no Brasil e Benefícios”.

Edições diferentes também podem gerar comunidades diferentes, como aconteceu com Pathfinder, que surgiu como alternativa para quem gostava mais das regras antigas do D&D 3.5.

Por que tudo isso é importante?

Entender essas diferenças ajuda você a fazer escolhas melhores na hora de começar a jogar. Você não vai querer pegar uma edição complicada demais se estiver começando agora, nem escolher um cenário que não tenha nada a ver com o que você gosta.

Quando você souber claramente o que são sistema, cenário, jogo e edição, vai ficar mais fácil conversar com outros jogadores, entender discussões na internet e, claro, decidir qual RPG jogar com seus amigos.

E agora que você já entendeu essas bases, está pronto para seguir em frente e descobrir como escolher o sistema perfeito pro seu grupo!

Resumo Rápido:

  • Sistema: As regras do jogo.
  • Cenário: O mundo onde você joga.
  • Jogo: Combinação de sistema + cenário.
  • Edição: Atualizações ou versões diferentes de um mesmo jogo.

Como Escolher o Sistema Ideal Para Seu Grupo

Agora que você já sabe exatamente o que significam sistema, cenário, jogo e edição, chegou o momento decisivo: como escolher o sistema certo para seu grupo? 

Como forma mais prática desta jornada, abaixo um guia passo a passo, detalhado, que vai garantir que você tome a melhor decisão possível na hora de escolher um sistema de RPG para jogar com seu grupo. Vamos explorar juntos cada etapa, sem complicação, para você garantir uma experiência épica e memorável com seus amigos!

Passo 1: Conheça o Perfil dos Jogadores (a Regra de Ouro!)

Antes de qualquer coisa, você precisa conhecer bem os jogadores que estarão na sua mesa. Afinal, são eles que vão compartilhar essa aventura com você.

Faça estas perguntas para o seu grupo:

  • Que tipo de histórias vocês preferem?
    • Fantasia épica, como O Senhor dos Anéis?
    • Terror e mistério, como histórias de H.P. Lovecraft?
    • Ficção científica, como Star Wars ou Blade Runner?
    • Aventura urbana e sobrenatural, tipo Supernatural?
  • Vocês gostam mais de narrativa (história) ou de combate (estratégia)?
  • Já jogaram RPG antes ou estão começando agora?
  • Quanto tempo conseguem dedicar para cada sessão?

Segundo Alex Meehan, do Dicebreaker, site internacional sobre RPG:

“Conhecer os gostos e o nível de experiência dos jogadores evita problemas comuns e garante que todo mundo se divirta durante o jogo.”

Passo 2: Considere o Tempo de Sessão (Curto ou Longo?)

Quanto tempo vocês têm disponível por sessão faz muita diferença na escolha do sistema.

  • Sessões curtas (1 a 3 horas):
    Sistemas narrativos leves como Fate Accelerated, Fiasco ou aventuras rápidas de Dungeon World funcionam muito bem aqui.
  • Sessões longas (mais de 3 horas):
    Sistemas detalhados como Pathfinder 2ª edição, Shadowrun ou campanhas elaboradas de D&D 5e podem render experiências incríveis se vocês tiverem tempo para isso.

A Polygon, revista conceituada sobre jogos e RPG, enfatiza:

“O tempo disponível tem um papel decisivo na escolha do RPG. Alguns jogos brilham em campanhas longas, enquanto outros são perfeitos para sessões rápidas.”

Passo 3: Avalie a Curva de Aprendizado

Facilidade para aprender as regras é fundamental, especialmente para iniciantes.

  • Sistemas fáceis para iniciantes:
    Dungeon World, Fate Core ou o conjunto de regras básicas de Dungeons & Dragons 5ª edição. Eles têm regras intuitivas e rápidas de aprender.
  • Sistemas complexos (para grupos mais experientes):
    Jogos como GURPS ou Rolemaster têm regras detalhadas, oferecendo uma experiência profunda e rica, mas exigem mais tempo para dominar.

Ben Riggs, do Geek & Sundry, explica bem isso:

“Escolher um sistema com uma curva de aprendizado adequada garante que todos possam aproveitar o jogo desde o início e evita frustrações que podem prejudicar as primeiras sessões.”

Passo 4: Disponibilidade de Materiais e Suporte Digital

A facilidade de conseguir materiais (livros, PDFs) e ferramentas online é fundamental para sua vida como mestre ou jogador.

  • Acessibilidade financeira:
    Muitos sistemas como D&D 5e oferecem versões gratuitas das regras básicas (as chamadas “Basic Rules”). Outros sistemas gratuitos, como o Cypher System Quickstart, também são ótimas opções para começar sem custos.
  • Suporte Digital:
    Plataformas como Roll20, Foundry VTT ou Alchemy RPG têm suporte fantástico para jogos populares como D&D e Pathfinder. Confira se o sistema escolhido está bem representado nessas plataformas.

Segundo a Tabletop Gaming Magazine, isso é crucial:

“Escolher um sistema com materiais acessíveis e bom suporte digital pode facilitar muito a preparação e o desenvolvimento das sessões.”

Passo 5: Comunidade e Suporte de Outros Jogadores

Uma comunidade ativa pode fazer toda a diferença no seu aprendizado e conforto ao jogar.

  • Comunidades grandes:
    D&D 5e e Pathfinder possuem fóruns, grupos no Discord e materiais caseiros em abundância, facilitando o acesso a aventuras prontas, dicas e recursos.
  • Comunidades menores (mas apaixonadas):
    Sistemas como Blades in the Dark ou Call of Cthulhu têm comunidades dedicadas que podem ajudar bastante em dúvidas específicas e ideias para campanhas.

EN World, fórum referência em RPG, reforça isso claramente:

“Uma comunidade ativa é um recurso valioso, especialmente quando os jogadores enfrentam dificuldades ou precisam de inspiração.”

Passo 6: Flexibilidade das Regras

Aqui depende se vocês preferem seguir regras rígidas ou gostam mais de improvisar e adaptar:

  • Flexíveis: Sistemas como Fate, Savage Worlds ou Cypher System são perfeitos para grupos criativos que gostam de inventar e adaptar regras.
  • Especializados: Jogos como Blades in the Dark ou Call of Cthulhu possuem regras específicas para certos tipos de histórias, sendo mais difíceis de adaptar.

O portal Bell of Lost Souls explica bem isso:

“Um sistema flexível permite que seu grupo mude facilmente entre diferentes estilos de jogo, reduzindo a necessidade constante de trocar sistemas.”

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Livros brasileiros de FATE RPG

Passo 7: Faça um Teste Antes da Campanha

Sempre que puder, faça uma sessão curta de teste (one-shot). É a melhor maneira de sentir na prática como o sistema funciona antes de comprometer seu grupo a uma campanha inteira.

O RPGGeek destaca essa dica preciosa:

“Realizar uma sessão teste fornece insights valiosos sobre o quanto um sistema realmente combina com seu grupo e suas preferências.”

Checklist Final de Escolha:

Use essa lista rápida para checar se está no caminho certo:

  • Conhecer bem os jogadores (preferências e experiência)
  • Tempo disponível para sessões (curtas ou longas)
  • Curva de aprendizado (fácil ou complexa)
  • Facilidade de conseguir materiais e suporte digital
  • Comunidade ativa e suporte disponível
  • Flexibilidade das regras
  • Testar antes de comprometer o grupo

Links úteis internos (Artifício RPG):

Se precisar relembrar algo antes de começar, veja esses artigos nossos:

Alguma dúvida? Deixe abaixo.

O post Sistema, Cenário, Jogo e Edição: Entenda as Diferenças no RPG de Mesa foi escrito pelo Artifício RPG, especialista em conteúdo de RPG em Português!

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Artifício RPG. lançou um novo conteúdo!
Sistema, cenário, jogo e edição são palavras que todo jogador de RPG: neste guia você vai aprender como escolher o melhor sistema para sua mesa, segundo o estilo, tempo e experiência dos jogadores
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Charles Corrêa
Charles Corrêa

Charles Corrêa, também conhecido pelas alcunhas "Overmix" ou "Nandivh", é um apaixonado por RPG e desenvolvimento web. Residente em Porto Alegre/RS, estuda programação desde 2001 e trabalha na área desde 2010.

No mundo do RPG, iniciou sua jornada como jogador em 2014 e, desde 2018, dedica-se a mestrar campanhas envolventes e desafiadoras, especialmente dentro dos gêneros de horror e dark fantasy.

Com experiência em sistemas como D&D 5e, Pathfinder, Cthulhu Dark, Vaesen e, mais recentemente, Savage Worlds, Charles também nutre uma curiosidade especial por Rastros de Cthulhu.

Conhecido entre seus jogadores como um mestre sádico, ele adora desafiar até mesmo os mais experientes combeiros, criando missões e encontros que exigem estratégia e criatividade. Inicialmente utilizando o Roll20 como plataforma, atualmente conduz suas campanhas no Foundry VTT, sempre buscando formas de melhorar a experiência de seus jogadores, aplicando seus conhecimentos em programação para aprimorar a jogabilidade e imersão.

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