Dungeons & Dragons: Por que é Hora de Deixar o Sistema e Explorar Novos Horizontes no RPG após os escândalos da OGL e Abandono das traduções em Português pela Wizards of the Coast

Dungeons & Dragons: Por que é Hora de Deixar o Sistema e Explorar Novos Horizontes no RPG após os escândalos da OGL e Abandono das traduções em Português pela Wizards of the Coast

Dungeons & Dragons: Por que é Hora de Deixar o Sistema e Explorar Novos Horizontes no RPG após os escândalos da OGL e Abandono das traduções em Português pela Wizards of the Coast, RPG - Mestre Charles Corrêa
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O Que Foi a Polêmica da OGL?

A Open Game License (OGL) original, criada em 2000, foi uma das maiores inovações no mercado de RPG de mesa. Ela permitiu que criadores independentes utilizassem as regras de D&D para criar conteúdos como aventuras, suplementos e até sistemas derivados. Essa liberdade ajudou a popularizar o hobby globalmente, levando ao surgimento de sucessos como Pathfinder e Critical Role.

No entanto, em 2023, a Wizards of the Coast anunciou a OGL 1.1, que revogaria a versão original (1.0a) e imporia restrições severas. Entre as mudanças polêmicas estavam:

  • A exigência de pagamento de royalties para receitas acima de US$ 750.000.
  • Obrigatoriedade de registro de produtos junto à WotC.
  • Cláusulas que permitiam à WotC usar o conteúdo criado sob a OGL sem compensar os autores.

Essa tentativa de monopolizar o mercado gerou uma revolta generalizada, com criadores e jogadores cancelando assinaturas do D&D Beyond em massa. Embora a empresa tenha recuado após a pressão, o episódio abalou profundamente a confiança da comunidade​.


Fim das Traduções em Português: Um Golpe na Comunidade Brasileira

Outro fator decisivo foi o abandono das traduções em português pela WotC. A partir de 2024, livros de D&D não serão mais lançados no idioma, deixando a comunidade brasileira desamparada.

A justificativa oficial foi o aumento dos custos e a baixa demanda, mas o impacto vai muito além. Jogadores que não dominam outros idiomas agora enfrentarão barreiras ainda maiores para acessar o conteúdo oficial, enquanto a pirataria e traduções não autorizadas podem se tornar a única solução prática​.

Isso é particularmente frustrante porque o Brasil abriga uma das maiores comunidades de RPG do mundo, e o suporte da Wizards já era limitado. O abandono reforça a percepção de que mercados menores são desvalorizados, mesmo sendo cruciais para o crescimento global do hobby.

Hoje os novos livros mesmo em inglês são absurdamente caros, coisa de quase R$ 600,00 que é totalmente inviável no mercado brasileiro.


Alternativas ao D&D: Mais Liberdade e Comunidade

Felizmente, o mundo do RPG é vasto e repleto de alternativas incríveis. Algumas editoras, como a Paizo (Pathfinder) e a Buró (Tormenta), estão liderando iniciativas para manter o RPG acessível e inclusivo:

  • Pathfinder: Desenvolvido inicialmente como uma evolução de D&D 3.5, Pathfinder agora é totalmente independente e utiliza sua própria licença aberta, promovendo a liberdade criativa.
  • Old Dragon: Um sistema brasileiro inspirado no RPG clássico, com regras simples e um apelo nostálgico.

Além disso, a iniciativa ORC (Open RPG Creative License) está sendo desenvolvida como uma alternativa verdadeira à OGL, garantindo que nenhum sistema dependa do controle de uma única empresa​.


Outros Fatores: Mudança no Relacionamento com a Comunidade

A WotC mostrou uma desconexão crescente com sua base de jogadores. Desde o silêncio inicial durante a polêmica da OGL até a falta de suporte ao português, suas ações indicam uma priorização do lucro sobre o hobby. Enquanto Critical Role (Apesar de que Matthew Mercer ter abandonado o D&D para começar e divulgar seus próprios sistemas baseados em d6 como Candela Obscura e Daggerheart) e Stranger Things trouxeram novos jogadores ao RPG, a WotC parece incapaz de valorizar a comunidade que sustenta o jogo.


Por que Abandonar o D&D é um Ato de Resistência?

Continuar apoiando Dungeons & Dragons significa validar as práticas de uma empresa que prioriza lucros acima do espírito colaborativo que define o RPG de mesa. Mesmo que alguns jogadores optem por piratear o conteúdo ou utilizem traduções feitas pela dedicada comunidade brasileira, isso ainda reforça as decisões controversas da Wizards of the Coast. Além disso, piratear o material não resolve o problema estrutural: a empresa continuará a ignorar a comunidade brasileira enquanto obtiver lucro indireto.

Optar por alternativas não é apenas uma questão de preferência; é um ato de boicote ativo que pode pressionar a Wizards a repensar sua postura. Caso a comunidade demonstre de forma clara e unificada sua insatisfação — seja por meio de um boicote total ou apoiando outros sistemas —, há a possibilidade de a empresa reconsiderar sua atitude e até mesmo retomar o suporte ao público brasileiro.

A confiança é como um cristal. Quando quebrada, as rachaduras são visíveis de longe e, muitas vezes, impossíveis de serem reparadas. No caso da Wizards of the Coast, ela quebrou esse cristal com a comunidade brasileira. Muitos jogadores, cansados de promessas vazias e atitudes mercenárias, decidiram que não há mais espaço para a confiança.

Hoje, o ato de resistir é mais do que abandonar D&D — é um movimento para construir algo novo, mais justo e alinhado com os valores que sempre definiram o RPG de mesa.

Critical Role Deixa D&D e Pioneira Novo Sistema com Projetos Futuros de RPG

Depois de quase uma década promovendo Dungeons & Dragons como o maior canal de RPG do mundo, o Critical Role decidiu oficialmente seguir outro caminho. Sob a liderança de Matthew Mercer, a equipe está desenvolvendo sistemas próprios por meio da Darrington Press, começando pelo aguardado Daggerheart, um RPG de alta fantasia voltado para campanhas longas, e Illuminated Worlds, um sistema baseado em d6 projetado para narrativas curtas e ágeis.

Esse movimento não é apenas uma mudança estratégica; é uma resposta direta aos escândalos envolvendo a Wizards of the Coast (WotC) e sua polêmica Open Game License (OGL). O Critical Role, que ajudou a popularizar o D&D para milhões, agora busca liberdade criativa e controle total sobre seu conteúdo, algo que a WotC dificultou para muitos criadores com suas práticas recentes.

Além de Daggerheart e Illuminated Worlds, Matthew Mercer revelou planos para expandir ainda mais a influência da Darrington Press no mercado de RPG de mesa. Embora os detalhes permaneçam escassos, rumores apontam para futuras colaborações e novos projetos que prometem desafiar a hegemonia de sistemas tradicionais. Essa transição também reforça a postura do Critical Role de apoiar criadores independentes e promover narrativas diversificadas e inclusivas.

Com a migração para sistemas próprios, o Critical Role não apenas amplia sua liberdade criativa, mas também envia uma mensagem clara à comunidade global: é possível prosperar fora do domínio de gigantes como a WotC. Essa mudança estratégica tem o potencial de revolucionar o mercado de RPG, incentivando outros criadores a seguirem caminhos semelhantes e consolidando o Critical Role como uma referência de inovação no gênero.

Afinal, o impacto de uma mudança tão significativa por parte do maior canal de RPG do mundo não pode ser subestimado.


Conclusão: O Futuro do RPG Está Além de D&D

Dungeons & Dragons pode ter sido o ponto de partida para muitos no RPG, mas não precisa ser o destino final. Com tantas opções acessíveis, sistemas inovadores e licenças realmente abertas, há um mundo de aventuras esperando para ser explorado.

A decisão de deixar D&D não é apenas uma rejeição às práticas da WotC; é uma oportunidade de apoiar um mercado mais justo e dinâmico. O RPG é, acima de tudo, uma celebração da imaginação coletiva, e nenhum sistema ou empresa pode monopolizar esse espírito.

Escolha um novo caminho. Role os dados. O futuro do RPG é seu para moldar!

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Charles Corrêa
Charles Corrêa

Charles Corrêa, também conhecido pelas alcunhas "Overmix" ou "Nandivh", é um apaixonado por RPG e desenvolvimento web. Residente em Porto Alegre/RS, estuda programação desde 2001 e trabalha na área desde 2010.

No mundo do RPG, iniciou sua jornada como jogador em 2014 e, desde 2018, dedica-se a mestrar campanhas envolventes e desafiadoras, especialmente dentro dos gêneros de horror e dark fantasy.

Com experiência em sistemas como D&D 5e, Pathfinder, Cthulhu Dark, Vaesen e, mais recentemente, Savage Worlds, Charles também nutre uma curiosidade especial por Rastros de Cthulhu.

Conhecido entre seus jogadores como um mestre sádico, ele adora desafiar até mesmo os mais experientes combeiros, criando missões e encontros que exigem estratégia e criatividade. Inicialmente utilizando o Roll20 como plataforma, atualmente conduz suas campanhas no Foundry VTT, sempre buscando formas de melhorar a experiência de seus jogadores, aplicando seus conhecimentos em programação para aprimorar a jogabilidade e imersão.

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