Nada me proporciona mais prazer do que ler um artigo bem redigido sobre um tema que me interessa. No caso, estou me referindo ao artigo “Você Está Jogando o RPG Que Realmente Deseja Jogar?”, publicado no site Robot Geeks, o qual você pode ler na íntegra clicando AQUI.
O artigo aborda a experiência nem sempre agradável para aqueles que estão iniciando no RPG e não o acham tão divertido quanto imaginavam. Ele explora a ideia de que o descontentamento pode ocorrer quando alguém começa a jogar em um cenário que não é o ideal para sua introdução ao jogo. O artigo continua mostrando as diferenças entre estilos de jogo e de cenários para reforçar a argumentação inicial.
Uma vez, escrevi um artigo intitulado “Contando a História Certa”, no qual argumento sobre narradores que não aproveitam adequadamente o estilo do conjunto de regras que molda o cenário, resultando em uma experiência completamente diferente e, muitas vezes, frustrante para os jogadores. Se quiserem ler o artigo, basta clicar AQUI. Quando terminei de ler o artigo do Robot Geeks achei que existe uma certa complementação entre ambos os artigo, e por isso minha felicidade ao lê-lo. Mas qual seria o ponto, vocês devem estar se perguntando. Vamos a ele, ou a eles.
O GRUPO DE JOGO NÃO ESTÁ EM SINTONIA COM O CENÁRIO
As vezes você junta uns amigos para jogar um determinado cenário e o grupo simplesmente não entra em sintonia com ele. Um bom exemplo são os jogos de horror, que demandam uma atmosfera mais sombria e tensa, e o grupo age como se estivesse explorando uma masmorra, esperando encontrar um goblin a cada porta que se abre. Não há espaço para diálogos e cenas tensas; cada jogador parece pensar que, ao parar para conversar, a única opção é declarar “Eu ataco!”.
Esse tipo de jogador, provavelmente bastante familiarizado com RPGs como D&D e Pathfinder, está, de maneira evidente, aplicando o mesmo estilo de jogo que costuma utilizar em seu cenário favorito. Contudo, é crucial lembrar que esse outro RPG requer um outro tipo de abordagem e interpretação, mais focado na interpretação e nas conversas entre personagens, procurando dar um clima tenso a história, ao invés de um clima mais frenético cheio de combates.
Há também o grupo que possui jogadores que, ao se depararem com um cenário investigativo, como em Chamado de Cthulhu, agem como se fossem personagens de videogames. Eles reviram cada espaço do ambiente onde seus personagens se encontram em busca de algo, mesmo sem saber exatamente o que estão procurando. Esse comportamento é influenciado pelo hábito de jogar seus jogos favoritos no console, nos quais pistas e informações do cenário destes jogos muitas vezes são encontradas escondidas sob camas ou dentro de baús.
TERROR OU COMÉDIA?
Outro problema é o grupo que acha que jogar RPG e se divertir é rir o tempo todo, transformando uma sessão de horror em uma grande comédia. Isso pode ocorrer especialmente em cenários que exigem uma imersão maior dos jogadores, como Vampiro: A Máscara ou Chamado de Cthulhu. Imagine uma cena em que os personagens estão prestes a desvendar um segredo terrível em uma casa abandonada, e, de repente, um dos jogadores faz uma piada sem contexto. Esse tipo de atitude não só quebra a tensão construída pelo narrador, como também impede que a atmosfera sombria seja estabelecida, prejudicando a experiência de todos os participantes.
Para evitar esse tipo de situação, é importante que o narrador deixe claro desde o início qual é o tom da aventura. Em uma sessão de terror, os jogadores precisam estar cientes de que o objetivo é criar uma narrativa tensa, onde o medo e o suspense predominam. Se o grupo não está disposto a encarar esse desafio, talvez seja melhor optar por outro tipo de jogo, onde o humor possa fluir mais naturalmente, como em uma campanha de Dungeons & Dragons mais leve, ou até mesmo em um RPG mais voltado para a comédia, como Paranoia.
A ESCOLHA DO SISTEMA DE REGRAS
Outro aspecto fundamental que pode influenciar a experiência dos jogadores é a escolha do sistema de regras. Alguns sistemas são mais adequados para determinados estilos de jogo do que outros. Por exemplo, GURPS é conhecido por sua versatilidade e pode ser usado em uma ampla gama de cenários, desde fantasia até ficção científica. No entanto, essa flexibilidade pode ser um problema para grupos que preferem um sistema mais focado em um único estilo, como Call of Cthulhu, que é ideal para histórias de terror investigativo.
Se o grupo está acostumado com um sistema de regras específico, pode haver uma resistência inicial ao experimentar algo novo. Isso é particularmente verdadeiro quando o novo sistema exige uma mudança na abordagem do jogo. Por exemplo, jogadores acostumados com D&D podem encontrar dificuldades ao migrar para Fate, que é mais narrativo e menos focado em combates. Nesses casos, o narrador pode ajudar a facilitar a transição, explicando as diferenças e ajustando a sessão inicial para que todos se sintam confortáveis.
A IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO
Finalmente, um dos aspectos mais importantes para garantir que todos estejam jogando o RPG que realmente desejam é a comunicação clara entre os membros do grupo. Antes de começar uma campanha, é essencial discutir as expectativas de todos. Qual é o tipo de história que o grupo quer contar? Qual é o estilo de jogo que todos preferem? Essas questões devem ser abordadas abertamente para evitar frustrações futuras.
Por exemplo, se um jogador está interessado em explorar temas complexos e emocionais em um cenário de horror psicológico, mas o restante do grupo prefere uma experiência mais leve e aventuresca, isso pode gerar conflitos durante a sessão. Nesse caso, é fundamental chegar a um consenso sobre o que todos esperam da campanha. Talvez seja necessário ajustar o tom ou até mesmo mudar o cenário para algo que atenda melhor às expectativas de todos.
Jogar o RPG que realmente se deseja jogar envolve mais do que apenas escolher um cenário ou sistema de regras. É sobre garantir que todos os participantes estejam alinhados em relação ao estilo de jogo, ao tom da narrativa e às expectativas gerais da campanha. Com uma comunicação clara e uma escolha cuidadosa do cenário e do sistema, é possível criar uma experiência envolvente e satisfatória para todos os jogadores.
Se você se identificar com alguma das situações descritas aqui, talvez seja o momento de reavaliar suas escolhas e conversar com seu grupo sobre o tipo de RPG que realmente deseja jogar. Afinal, o objetivo principal de qualquer sessão de RPG é garantir que todos se divirtam e saiam com a sensação de que participaram de uma grande história.
Espero que tenham gostado do artigo. Se quiserem comentar ou sugerir ideias para futuros textos, fiquem à vontade para escrever abaixo. Aproveito para pedir que me sigam nas redes sociais.
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